quinta-feira, 10 de agosto de 2017

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sábado, 3 de agosto de 2013

MET I - 2013/2



INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS
Calendário semanal de leituras, debates e atividades
Quatro aulas semanais (60 horas) | quintas-feiras | 13h40min - 17h

29/ago
Apresentação do curso

05/set
Guilherme Pereira das NEVES. “História: polissemia de uma palavra” In História, teoria e variações. Rio de Janeiro: Contracapa, 2011, p 19 – 40.

12/set
Johan HUIZINGA. Sobre el estado actual de la ciencia histórica: cuatro conferencias. Madrid: Revista de Occidente, 1934.

19/set
Johan HUIZINGA. Sobre el estado actual de la ciencia histórica: cuatro conferencias (1934).

26/set
Georg IGGERS. Desafios do século XXI à historiografia (2007). História da historiografia, Ouro Preto, n. 04, mar 2010, p 105 – 124.

03/out
Georg IGGERS. Desafios do século XXI à historiografia (2007). Disponível em:   http://www.historiadahistoriografia.com.br/revista/article/view/139/87

10/out
Aula livre

17/out
1ª AVALIAÇÃO

24/out
Immanuel KANT. Começo conjectural da história humana (1786). São Paulo: Editora Unesp, 2010.

31/out
Wilhelm von HUMBOLDT. “Sobre a tarefa do historiador” (1821). In Estevão R. MARTINS (org.) A história pensada. São Paulo: Contexto, 2010, p 71 – 100.

07/nov
Hannah ARENDT. “O conceito de história — antigo e moderno” (1954). São Paulo: Perspectiva, 1979, p 69 – 126.

14/nov
José Antonio MARAVALL. “La Historia como liberación” In Teoría del saber histórico (1958). Madrid: Urgoiti Editores, 2007, p 193 – 211.

21/nov
José Antonio MARAVALL. “La Historia como liberación” In Teoría del saber histórico (1958). Madrid: Urgoiti Editores, 2007, p 193 – 211.

28/nov
Aula livre

05/dez
2ª AVALIAÇÃO

terça-feira, 29 de julho de 2008

HISTORIA - Principais conceitos operadores
N. Côrtes et alii. HISTÓRIA. Proposta de Reorientação Curricular do Ensino Fundamental (segundo segmento) e Ensino Médio
Projeto Sucesso Escolar. UFRJ e SEE/RJ. 2004.


A partir dos conceitos abaixo relacionados, o aluno do Ensino Básico deve ser progressivamente estimulado a perceber que:

História

A História é uma construção cognitiva atual que investiga as relações humanas no tempo e no espaço. Ela lida com fontes e vestígios do passado — documentos ou qualquer outro registro (sonoro, visual etc), desde que sejam expressões demonstráveis e tangíveis.

Suas possibilidades de interpretação são variadas e transitórias, mas há procedimentos metódicos específicos no trato dessas fontes (evitar anacronismo).

Atualmente, assume uma atitude intelectual integradora, promovendo a prática da abordagem interdisciplinar.


Historicidade dos conceitos

Os conceitos, as idéias e crenças, as teorias, as formulações intelectuais têm data de nascimento, são históricos e expressam os esforços dos homens para compreenderem e representarem as suas respectivas realidades.

Por isso, devem ser utilizados com parcimônia, pois seus significados têm prazo de validade, não sendo universais ou absolutos.

Os valores, razões e sentimentos da atualidade não servem como critérios de avaliação das vidas humanas do passado. Sob esse aspecto, as épocas são incomensuráveis.


Tempo histórico

Os calendários, as cronologias e demais formas de medir o tempo são invenções culturais que atendem às necessidades das sociedades que os produziram.

Há inúmeras formas de organizar o tempo e as temporalidades históricas. Períodos são criações sociais que conferem sentido e significado ao fluxo temporal.

Com ritmos variados, no tempo histórico convivem o agora e o instante; o antes / o durante / o depois; o atual e o inatual; e também transição e permanência; sucessão e simultaneidade; inércia e ruptura, acaso e destino; tradição e inovação; contigüidade e fragmentação; cisão e coesão; memória e projeto etc, etc.

O tempo não é uma rua que os homens atravessam distraidamente. Seus ritmos e durações exprimem as ações humanas e são os resultados pulsantes da vida social em todo o seu conjunto.

Processo Histórico

Os processos históricos são indeterminados (não há estruturas fixas, “últimas instâncias” ou contextos pré-estabelecidos), pois consistem no resultado imprevisto e dinâmico de interações humanas complexas.

A História da raça humana não descreve uma caminhada evolutiva da selvageria à civilização tecnológica. O processo histórico não é uma marcha unívoca ou evolutiva; o tempo não possui um sentido predeterminado. E os povos são autônomos, pois estabeleceram para si mesmos os seus específicos e distintos projetos de destino comum.

Ação e sujeitos históricos (cidadania)

A História é construída por sujeitos históricos. Sua trama é feita por agentes sociais (protagonistas individuais ou coletivos; anônimos ou célebres) de cuja interação resulta a vida em sociedade: instituições em geral, regras de convívio, rituais de solidariedade ou exclusão, idéias explicativas dos seus respectivos mundos etc, etc.

As instituições são criaturas das ações humanas em sociedade. Elas se estabelecem no decorrer do tempo e não possuem vontade ou ações próprias.

A História não foi prevista pelos sujeitos históricos. Os homens do passado não sabiam quais seriam as conseqüências das suas ações. O processo histórico, portanto, não é o somatório das intenções individuais, e muito embora os indivíduos tenham a iniciativa para ação / transformação (cidadania), o resultado dessas investidas é sempre imprevisto.

Os processos sociais resultam de atitudes e tomadas de posição (cidadania) frente a variadas formas de encaminhamento da vida humana que geralmente são conflitantes.

Cultura e representação

Cultura é o imenso conjunto de práticas e representações humanas que emergem no cotidiano da vida social e se solidificam ao longo do tempo em diversos modos de organização e de instituições da sociedade.

Memória

O direito à memória faz parte da cidadania cultural. Os povos, grupos ou indivíduos constituem a si próprios através de recursos que evocam e conservam as lembranças de seus respectivos passados.

O patrimônio das cidades, as praças, os museus, as festas, os hábitos populares, os arquivos são monumentos da memória, trata-se de áreas de preservação dos vínculos que cada atual geração estabelece com seus respectivos passados e futuros.

sábado, 26 de julho de 2008

Conselhos para ESCREVER História
Rio de Janeiro, julho de 2008.


1. Escreva para informar ao leitor. Longe de ser um solilóquio onanista, um texto de História consiste numa peça discursiva que comunica e transmite aos leitores um conjunto integrado de informações históricas e historiográficas atualizadas sobre determinado aspecto de algum fenômeno da realidade histórica.

2. Escreva para encantar ao leitor. Para nós, historiadores, escrever bem é um dever profissional. Além de observar as regras da correção gramatical e ortográfica, o texto de História deve encantar ao leitor concedendo-lhe horas alegres de esclarecimento, inteligência e cultura.

3. Escreva para se fazer entender. Acredite: erudição não se confunde com exibicionismos teóricos ou conceituais tolos e nem tampouco se expressa pelo emprego afetado dos modismos intelectuais. Peloamordedeus! Esqueça os jargões e as elucubrações esnobes e não use os conceitos apenas em razão de seus belos (mas inócuos) efeitos sonoros. Escreva com simplicidade.

4. Ao contrário dos poetas ou filósofos, os historiadores não têm licença para descrever o mundo sem abonar as suas observações. Nada, eu vou repetir: ABSOLUTAMENTE NADA do que escrevemos sobre a realidade histórica resulta de impressões livres, espontâneas ou idiossincráticas. Sem margem para exceção, a narrativa histórica deve necessariamente basear-se em pesquisa de fontes primárias e secundárias — que se apresentarão ao longo do texto, organizadamente, através de paráfrases, citações ou de simples referências, para validar e testemunhar os argumentos e conjecturas do historiador.

5. A originalidade de uma narrativa sobre o passado reside no modo atual e criativo de o historiador dispor e explorar o corpus de informações históricas e historiográficas já conhecidas e consolidadas pelo imaginário e tradição de uma cultura histórica. O estudioso inovador não é aquele que simplesmente descobriu fontes primárias virgens. Tampouco é o sujeito vaidoso que se presume pioneiro no estudo de um assunto nunca dantes conhecido. Pioneirismo e originalidade não se medem em função do que desconhecemos. Muito pelo contrário, pois o leitor só saberá aquilatar o valor da novidade em contraste com o que já é patrimônio comum e conhecido da tradição. Por isso: escreva História para honrar & superar os esforços da tradição historiográfica, prestando-lhe contas e, portanto, homenagens.

6. É um equívoco supor que os historiadores fazem citações simplesmente para evocar argumentos de autoridade irrefutáveis. Quando resgatamos as personagens históricas ou visitamos outros autores que já estudaram o tema que investigamos, trazendo todas essas vozes para o nosso texto, não queremos acabar com o diálogo sobre o passado dando a “última palavra”. Diferentemente dos advogados, que evocam suas testemunhas para encerrar o caso, os historiadores recorrem às suas fontes para oferecer aos leitores do presente uma espécie de concerto polifônico composto pela multiplicidade de perspectivas sobre o / do passado. Dessa forma, a escrita sobre o passado se a-presenta como um enredo que, a partir de um foco bem definido, integra uma multiplicidade de percepções sobre algum fenômeno da realidade histórica. As paráfrases ou citações constituem essa intrincada rede de visões de mundo cujas metamorfoses revelam a historicidade, a transitoriedade e o enraizamento mundano dos nossos conhecimentos sobre o passado.

7. Ao mobilizar o testemunho das fontes, não faça uma barafunda entre os tempos passados; e indique as distâncias temporais existentes entre os seus respectivos períodos historicos. Lembre-se: a separação entre fontes primárias e secundárias não é meramente metodológica ou bibliográfica, mas realmente histórica. Afinal, entre elas ocorreu uma sucessão factual marcada por transformações históricas e conquistas de novos horizontes temporais. Seja cuidadoso ao escrever com fontes de pesquisa de estatutos variados (imagens, relatos orais, discursos diplomáticos, obras filosóficas, pautas musicais etc.); e absolutamente escrupuloso ao lidar com fontes originárias de períodos históricos diversos. Em seu texto, assinale e explore todas essas diferenças.

8. Ao mencionar fatos ou estudos históricos consagrados e clássicos, seja rigorosamente preciso e faça as devidas referências às suas fontes de pesquisa. Em História não há espaço para alusões difusas ou generalistas. Portanto, ao invés de aludir vagamente à historiografia tradicional, ao berço do samba, às elites brasileiras, às representações culturais da modernidade, ou à linhagem das idéias platônicas..., use as notas de rodapé indicando com clareza e exatidão a qual conjunto de conceitos, autores, obras ou acontecimentos você está se referindo. Para indicar suas fontes de pesquisa com precisão, adote as regras estabelecidas pela ABNT.

9. Valorize o seu trabalho e não esconda os esforços de composição que você realizou durante a investigação. Nas notas de rodapé exponha os detalhes e os bastidores da pesquisa informando ao leitor quais procedimentos metodológicos utilizados; indique as obras que compõem os debates historiográficos em que a pesquisa se inscreve; dê referências bibliográficas para maiores informações sobre os pontos não totalmente explorados; refira-se à história das tradições intelectuais mobilizadas no texto; e, finalmente, dê referências completas às obras de consulta mais utilizadas e a todas as suas fontes primárias e secundárias. Também é elegante dar créditos a um colega, professor ou arquivista que de alguma forma não tangível contribuiu para o desenvolvimento de aspectos pontuais da sua pesquisa.

10. Em uma narrativa histórica, no corpo principal do texto, só existem dois tipos de personas: o historiador e os mortos — mas, atenção, somente os mortos de sua particular predileção. Com isso quero salientar o seguinte: 1º) A autoridade sobre o desenrolar do texto pertence exclusivamente ao historiador. E mesmo que tal auctoritas possa ser exercida de forma discreta ou saliente (isso depende de conveniências da pesquisa ou de preferências pessoais e estilo), é impossível suprimir a sua presença autoral. 2º) Consequentemente, o historiador não pode se ocultar atrás de excessivas e tediosas citações das fontes primárias supondo, simplesmente, que os mortos renascerão explicando o passado. 3º) E também não deve encharcar o corpo principal da narrativa com a presença proeminente de argumentos ipsis literis dos demais estudiosos que já investigaram o mesmo assunto. Salvo honrosas e necessárias exceções, todas as fontes secundárias devem ir para o seu devido lugar: as notas de rodapé.

11. Ao escrever, mantenha o foco da narrativa e evite o nhenhenhém das minúcias históricas. Não desperdice o tempo dos leitores; nem os aborreça com o preciosismo prolixo de informações e digressões ociosas.

12. Escreva com responsabilidade.

domingo, 23 de dezembro de 2007

Dicas simples para ENSINAR História
Rio de Janeiro, maio de 2007.

1. Ao narrar e analisar um acontecimento preciso (e não um processo de longa duração) defina logo quando aconteceu; onde aconteceu; quem foram os protagonistas; o que os antagonizou; quais eram os termos e ideais em querela; e, por fim, examine os resultados do episódio (“quem ganhou, quem perdeu” e as conseqüências imprevistas...). Tente apresentar um cenário de rivalidades — descrevendo as razões das partes em conflito —, mas não reduza o fato a uma simples batalha do bem contra o mal.

2. Ao explicar um processo de longa duração (a modernização, por exemplo) não sugira qualquer inexorabilidade causal entre os acontecimentos. Tente reunir uma boa constelação dos eventos que qualificaram o processo para que os estudantes percebam tratar-se de um conceito elaborado a posteriori e não de um dado factual. Seja cuidadoso e evite o jargão da transição (a transição da Monarquia para a Republica, a passagem do mithos para o logos, a transição do feudalismo para o capitalismo etc...). Se usados como esquemas explicativos, tais expressões sempre insinuam que as transformações históricas deram-se à revelia das ações humanas.

3. Abandone o determinismo. Tente apresentar os fatos passados como ocasiões abertas para várias possibilidades de ação. Como exercício, resgate as situações históricas e imagine os raciocínios ou cálculos dos protagonistas, identificando os dilemas e as soluções que, a partir dos seus horizontes temporais, se lhes apresentavam como possíveis.

4. Ao trabalhar com movimentos intelectuais (iluminismo) ou conceitos (proletariado), explique a etimologia dessas palavras e explore os seus campos semânticos. Ensine a usar dicionários ou enciclopédias e faça-os compreender que todas as palavras têm historicidade, mudam de significado e expressam idéias e valores diferentes ao longo dos tempos.

5. Deixe claro que há disputas interpretativas sobre os fatos históricos. Não é necessário recompor a história do debate historiográfico detalhadamente. Porém, é fundamental desnaturalizar as nossas interpretações mostrando que elas são frutos das atuais pesquisas — e podem vir a ser superadas, caírem em desuso, tornarem-se obsoletas etc. Não esconda que você também fez opções teóricas e intelectuais. Seja simples e, se necessário, explique as razões dos seus pontos de vista.

6. Leve as fontes primárias para a sala de aula. Use e abuse da literatura, das artes plásticas, das imagens de época, dos utensílios, das memórias, dos jornais etc. Se possível, também use música de época — é bom aprender cantando. O objetivo não é ilustrar a aula, mas exercitar a habilidade discente para ler e interpretar tais materiais de época.

7. Apresente os livros didáticos e os filmes exibidos em aula como expressões culturais pertencentes aos seus respectivos contextos históricos de origem. Não incentive a ingenuidade dos alunos, faça-os perceber que as interpretações sobre o mundo também fazem parte do mundo. E exatamente por isso elas não guardam a única verdade possível sobre as matérias estudadas. (Obviamente, isto é válido para todas as fontes, secundárias ou primárias.)

8. Lance mão dos mapas históricos e geográficos (caso não os tenha, desenhe o mapa no quadro para dar alguma idéia da localização). Junto com toda a turma, organize uma cronologia selecionada ou uma linha do tempo. Deixe-os vislumbrar antecipadamente as unidades da disciplina e o curso dos eventos históricos que serão estudados.

9. Se você não estiver ensinando no segundo segmento do Ensino Fundamental (quando ainda é importante concretizar e representar teatralmente as personagens da História), seja muito econômico ao usar o recurso didático que “presentifica” os tempos passados. Embora possa ser produtivo, já que os alunos tentam raciocinar como os protagonistas da História, isso também pode levar a anacronismos e dar a entender que as visões de mundo do presente são iguais às do passado.

10. Em sala de aula, use suas anotações. Despoje-se da vaidade e não queira fazer de conta que os seus talentos e saberes são dons geniais, extraordinários.

11. Aulas não são ocasião para proselitismo; nunca as transforme em púlpitos ou palanques. Por isso, ao invés de oferecer certezas, cultive a dúvida, provoque espanto e faça pensar.

12. Não tenha vergonha de dizer que não sabe. Mas pesquise o assunto e dê uma resposta satisfatória na aula seguinte. Mostre-se como aquilo que você é: um estudioso da História e não o Almanaque Capivarol.

13. Insista na explicação das lições. Com outras palavras e novos recursos sempre repita e fixe a interpretação que você ofereceu para os fatos históricos. O bom professor não sabe tudo, mas é capaz de dizer de várias maneiras aquilo que ele visa ensinar.

quarta-feira, 18 de abril de 2007

APOSTILAS DIDÁTICAS

A apostila didática Como escrever um projeto de pesquisa em História (2003)
está disponível em PDF e pode ser solicitada através do e-mail tudopassa@ufrj.br